domingo, 5 de abril de 2009

Desperdício de criatividade






Você já ouviu aquela historia do sujeito que patenteou o clipe de papel e depois viajou pelos Estados Unidos , fazendo acordos de licenciamento da sua invenção e com isso ficou milionário?
É mentira, poderia ser verdade mas é mentira.
A patente que ilustra esse post é de um cidadão norueguês chamado Johan Vaaler que é o suposto inventor do Clipe. Ela foi depositada na Alemanha em 1899 e nos Estados Unidos em 1901, entretanto a outra ilustração deste post é de um anuncio do Clip Gem datado 1894, o que invalida a patente do Sr. Vaaler.
É mentira, mas poderia ser verdade. Muitas vezes, idéias simples colocadas em pratica, produzem um imenso resultado, caracterizando-se como uma inovação, mas vamos guardar essa informação para mais tarde.

E a comparação entre as patentes da Coréia e do Brasil depositadas no US Patent Office, você sabe alguma coisa a respeito?
Se você não sabe eu explico, no inicio dos anos 60, Brasil e Coréia tinham desempenho semelhante no tocante ao deposito de patentes no mercado norte americano. Passados 40 anos no final do século, o desempenho da Coréia é infinitamente superior ao do Brasil.
Muita gente boa vem estudando esse assunto, mas podemos dizer que essa diferença é explicada por uma diferença na estratégia dos dois países. Enquanto a Coréia estabeleceu e praticou uma política industrial, e tecnológica estruturada e constante ao longo dos anos, no Brasil a coisa correu solta. A nossa política industrial, tecnológica e de comercio exterior somente foi implementada neste século.
Mas isso explica tudo? Talvez não. O prof. Rodolfo Politano da Pos graduação do IPEN tem uma teoria interessante. Segundo ele tudo que é abundante tende a ser desprezado. Vejamos, até 1973, o petróleo era considerado uma matéria prima abundante. O barril custava em média US$3,00, ninguém se preocupava em controlar o consumo dos veículos. Isso só mudou com a expectativa da falta. Hoje em dia, muitas pessoas ainda consideram a água como abundante, desperdiçando-a das mais variadas formas e maneiras. Acho que isso é suficiente para que possamos concordar que a humanidade não dá valor aquilo que é abundante.
Pois bem, criatividade é abundante no Brasil. Somos reconhecidos no mundo inteiro pelo famoso “jeitinho brasileiro”, mas isso ao invés de nos orgulhar, é motivo de vergonha.
Quantos de nós, ao resolver um problema de uma forma nova, inusitada, diferente, não nos referimos a essa solução com sendo uma “gambiarra”? E como as “gambiarras” são abundantes em nosso meio, elas são desperdiçadas.
Precisamos urgentemente, melhorar a nossa auto-estima e reconhecer que as idéias que aplicamos para a solução dos problemas, por mais simples que sejam, são idéias, e se resolvem o problema, são idéias bem sucedidas, e por isso merecem respeito.
No século retrasado, alguém precisava manter papeis juntos, e entortando um arame chegou a uma solução diferente e inusitada. A diferença é que, mesmo que muitos tenham pensado que aquele arame torto usado pra prender papeis, era apenas uma “gambiarra”, alguém entendeu aquilo como uma boa idéia e uma oportunidade de negócios e o resto é história que se mistura com a lenda.
É importante que como nação, o Brasil passe a se orgulhar de sua criatividade, e que o jogo de cintura , o jeitinho brasileiro, mereçam o devido respeito, e que dessa forma , possamos tirar proveito da nossa criatividade.
A nossa historia é repleta de exemplos de idéias que não foram aproveitadas adequadamente. Isso acaba assumindo um caráter de anedota. Vejam esse video onde a Xuxa conta para as crianças, alguns destes casos.



Este video foi exibido pela Rede Globo no programa TV Xuxa de 05 de novembro de 2007

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