terça-feira, 21 de abril de 2009

Inovando na crise

Alguem duvida que estamos vivendo uma crise?


Acho que não. A crise esta ai para todo mundo ver. O que podemos questionar é se ela via ser mais ou menos grave, quanto tempo vai durar, se vai ou não nos afetar diretamente.

Em uma situção de crise a inovação assume um papel aina mais importante, e para explicar o porque desta importância , vamos tomar emprestado um conceito dos professores W. Chan Kim e Renée Mauborgne, defendido no livro “ A estratégia do oceano azul”.
Imagine a seguinte situação: em um oceano super povoado de peixes a comida disponível não é suficiente para que todos se alimentem. O que acaba acontecendo? É provável que os peixes se enfrentem entre si, numa batalha sangrenta onde muitos morrerão , outros ficarão feridos , mas com certeza o oceano ficara banhado de sangue. É o chamado oceano vermelho.
Segundo os professores Kim e Mauborgne, em uma situação normal de mercado, onde há uma grande concorrência, é isso que acontece. Os competidores acabam estabelecendo uma disputa sangrenta entre eles, atacando-se mutuamente . nestas condições a maioria não sobrevive.
Agora imagine se um destes peixes encontra um novo oceano, que os outros peixes ainda não acharam, o que acontece nesse oceano? Neste oceano não há disputa, não há sangue, é o chamado oceano azul.
Essa é a metáfora descreve uma situação de inovação, onde ao invés de competir em um mercado muito saturado, cria-se um novo mercado.
Mas será que isso não tem riscos? Toda vez que a concorrência começar é só procurar um novo oceano que tudo se resolve, não é?
Não, não é. Como em toda atividade, existem riscos. Existem oceanos para todos? E se no oceano novo não tem comida? Esses são alguns dos riscos da inovação, dá trabalho tem que procurar muito e muitas vezes , simplesmente não funciona.Alem disso, mesmo quando encontramos um oceano legal, não da para mante-lo escondido por muito tempo, logo outros peixes chegam e acabam superpovoando um oceano que estava vazio. Por isso não podemos nos acomodar. Mesmo nadando em um oceano azul, precisamos estar sempre em busca de um outro oceano, ou seja, não basta ter sucesso em uma inovação, é preciso continuar inovando sempre.






domingo, 5 de abril de 2009

Desperdício de criatividade






Você já ouviu aquela historia do sujeito que patenteou o clipe de papel e depois viajou pelos Estados Unidos , fazendo acordos de licenciamento da sua invenção e com isso ficou milionário?
É mentira, poderia ser verdade mas é mentira.
A patente que ilustra esse post é de um cidadão norueguês chamado Johan Vaaler que é o suposto inventor do Clipe. Ela foi depositada na Alemanha em 1899 e nos Estados Unidos em 1901, entretanto a outra ilustração deste post é de um anuncio do Clip Gem datado 1894, o que invalida a patente do Sr. Vaaler.
É mentira, mas poderia ser verdade. Muitas vezes, idéias simples colocadas em pratica, produzem um imenso resultado, caracterizando-se como uma inovação, mas vamos guardar essa informação para mais tarde.

E a comparação entre as patentes da Coréia e do Brasil depositadas no US Patent Office, você sabe alguma coisa a respeito?
Se você não sabe eu explico, no inicio dos anos 60, Brasil e Coréia tinham desempenho semelhante no tocante ao deposito de patentes no mercado norte americano. Passados 40 anos no final do século, o desempenho da Coréia é infinitamente superior ao do Brasil.
Muita gente boa vem estudando esse assunto, mas podemos dizer que essa diferença é explicada por uma diferença na estratégia dos dois países. Enquanto a Coréia estabeleceu e praticou uma política industrial, e tecnológica estruturada e constante ao longo dos anos, no Brasil a coisa correu solta. A nossa política industrial, tecnológica e de comercio exterior somente foi implementada neste século.
Mas isso explica tudo? Talvez não. O prof. Rodolfo Politano da Pos graduação do IPEN tem uma teoria interessante. Segundo ele tudo que é abundante tende a ser desprezado. Vejamos, até 1973, o petróleo era considerado uma matéria prima abundante. O barril custava em média US$3,00, ninguém se preocupava em controlar o consumo dos veículos. Isso só mudou com a expectativa da falta. Hoje em dia, muitas pessoas ainda consideram a água como abundante, desperdiçando-a das mais variadas formas e maneiras. Acho que isso é suficiente para que possamos concordar que a humanidade não dá valor aquilo que é abundante.
Pois bem, criatividade é abundante no Brasil. Somos reconhecidos no mundo inteiro pelo famoso “jeitinho brasileiro”, mas isso ao invés de nos orgulhar, é motivo de vergonha.
Quantos de nós, ao resolver um problema de uma forma nova, inusitada, diferente, não nos referimos a essa solução com sendo uma “gambiarra”? E como as “gambiarras” são abundantes em nosso meio, elas são desperdiçadas.
Precisamos urgentemente, melhorar a nossa auto-estima e reconhecer que as idéias que aplicamos para a solução dos problemas, por mais simples que sejam, são idéias, e se resolvem o problema, são idéias bem sucedidas, e por isso merecem respeito.
No século retrasado, alguém precisava manter papeis juntos, e entortando um arame chegou a uma solução diferente e inusitada. A diferença é que, mesmo que muitos tenham pensado que aquele arame torto usado pra prender papeis, era apenas uma “gambiarra”, alguém entendeu aquilo como uma boa idéia e uma oportunidade de negócios e o resto é história que se mistura com a lenda.
É importante que como nação, o Brasil passe a se orgulhar de sua criatividade, e que o jogo de cintura , o jeitinho brasileiro, mereçam o devido respeito, e que dessa forma , possamos tirar proveito da nossa criatividade.
A nossa historia é repleta de exemplos de idéias que não foram aproveitadas adequadamente. Isso acaba assumindo um caráter de anedota. Vejam esse video onde a Xuxa conta para as crianças, alguns destes casos.



Este video foi exibido pela Rede Globo no programa TV Xuxa de 05 de novembro de 2007