quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Agora que o Carnaval passou...

O Renato Fonseca de “O Conselheiro Criativo” nos chama atenção para a “indústria do carnaval” traduzida nos desfiles das escolas de samba. Em um período de pouco mais de uma hora mais de 3000 pessoas fantasiadas e pelo menos 5 alegorias tem que atravessar uma passarela com 530 metros, organizados em alas, dançando e cantando, submetendo-se a um julgamento p’ra lá de subjetivo. Como isso pode funcionar?
Acho que o primeiro ponto é objetivo comum! Todos ali, desde o mais antigo membro da escola até o turista que comprou a fantasia um dia antes do desfile, tem o mesmo objetivo, ganhar o carnaval. Afinal ninguém gosta de perder e por isso há uma grande dedicação de todos.
O segundo ponto é a confiança. Como todos tem o mesmo objetivo, uns confiam nos outros. Não existem motivos para agendas ocultas, e por isso mesmo existe a colaboração.
Um passista mais antigo ensina os truques aos passistas que estão chegando, porque ele sabe que mesmo sendo o melhor sambista da avenida se o colega do lado tropeçar e cair , todo o resultado pode ser comprometido, a escola perde e ninguém ganha nada.
Um terceiro ponto também fundamental é o prazer: as pessoas não são obrigadas a desfilar em uma escola de samba, mas quando o fazem, fazem com paixão, dedicando a isso não somente o seu tempo mas também colaborando de inúmeras outras formas; com sugestões; habilidades especiais e até mesmo financeiramente. A maioria dos participantes paga para desfilar.
É lógico que empresas e escolas de samba são coisas diferentes, mas se pudéssemos levar para empresas um “clima escola de samba” que contemple sentimentos de objetivo comum, confiança e prazer, onde as pessoas que trabalham ali deixem de ser funcionários, empregados , colaboradores, etc e passem a ser “integrantes” de um projeto comum, poderíamos ampliar o fluxo de aprendizagem na empresa melhorando os seus resultados.
Mas é importante saber que isso não mágica. Não é de uma hora para outra que as pessoas passam a confiar nas outras, este é um processo que precisa ser semeado entre os “integrantes” de uma empresa, principalmente através de ações comportamentais
No momento que ele começar a florescer, precisa ser reconhecido, reforçado e até mesmo premiado para que cada vez mais funcionários, empregados , colaboradores, etc se transformem em “integrantes” orientados para um mesmo resultado, colaborando com os seus colegas para que ninguém tropece, e confiando que essa é a melhor atitude.
E essa é uma postura que deve acontecer sempre, até mesmo nos momentos mais adversos, pois somente com esse espírito é que se supera as grandes crises. Para ilustrar esse sentimento deixo aqui uma musica escrita em um momento de crise vivida na Escola de Samba Unidos de Vila Isabel:


Renascer das Cinzas
Martinho da Vila

Composição: Zé Catimba

Vamos renascer das cinzas
Plantar de novo o arvoredo
Bom calor nas mãos unidas
Na cabeça de um grande enredo
Ala de compositores
Mandando o samba no terreiro
Cabrocha sambando
Cuíca roncando
Viola e pandeiro
No meio da quadra
Pela madrugada
Um senhor partideiro

Sambar na avenida
De azul e branco
É o nosso papel
Mostrando pro povo
Que o berço do samba
É em Vila Isabel

Tão bonita a nossa escola!
E é tão bom cantarolar
La, la, iá, iá, iá, iá, ra iá
La, ra, iá

2 comentários:

  1. Perfeita Comparação - Vemos uma excelente situação de coopetição em máximo grau, junto com um ingrediente fundamental - paixão - só pode levar o conjunto todo ao sucesso ! Parabéns pelo post !

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