quinta-feira, 25 de junho de 2009

Soluções Inovadoras

Desculpem-me, mas eu tenho que volta a esse assunto. Ontem, 24 de junho, foi o lançamento do Projeto "99 Soluções Tecnológicas". Eu estive diretamente envolvido neste projeto desde o inicio e ele é a síntese de tudo que temos tentado demonstrar aqui neste blog: Inovação é possível para todos!

Foi emocionante ver a Dona Vanda da Cerâmica Lucevans, em Panorama,SP contando que apesar das dificuldades ela tinha acabado uma transação de venda de créditos de carbono para a Alemanha. Ou o Roberto da Noxt em São José dos Campos, explicando que ele o sócio deixaram o conforto de bons empregos porque acreditam no seu negocio.
Isso tudo e muito legal. Me emociona muito. Se você quiser ver essas ou outras historias de soluções inovadoras, ou ainda nos contar a sua solução inovadora, clique na imagem ao lado.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Existem pequenas empresas inovadoras?


É claro que sim

Uma prova disso esta no evento que acontecerá dia 24 de junho a partir das 19horas: o lançamento da publicação 99 Soluções Inovadoras, que relata a experiência de 99 pequenos negócios que acreditaram que era possível, foram atrás e inovaram.

Foi muito divertido fazer esse projeto, pois pudemos conversar com inúmeros empreendedores de pequenos negócios, desde agricultores até fabricantes de aviões, todos eles atendidos pelos produtos de inovação e tecnológica do SEBRAE-SP, entender como a inovação fez diferença e escolher os 99 para poder contar.

Esteja presente, e comprove o lançamento será no Auditório do CIEE na Rua Tabapuã, 445 em São Paulo. Confirmação de presença pelo telefone 0800-5700800

terça-feira, 21 de abril de 2009

Inovando na crise

Alguem duvida que estamos vivendo uma crise?


Acho que não. A crise esta ai para todo mundo ver. O que podemos questionar é se ela via ser mais ou menos grave, quanto tempo vai durar, se vai ou não nos afetar diretamente.

Em uma situção de crise a inovação assume um papel aina mais importante, e para explicar o porque desta importância , vamos tomar emprestado um conceito dos professores W. Chan Kim e Renée Mauborgne, defendido no livro “ A estratégia do oceano azul”.
Imagine a seguinte situação: em um oceano super povoado de peixes a comida disponível não é suficiente para que todos se alimentem. O que acaba acontecendo? É provável que os peixes se enfrentem entre si, numa batalha sangrenta onde muitos morrerão , outros ficarão feridos , mas com certeza o oceano ficara banhado de sangue. É o chamado oceano vermelho.
Segundo os professores Kim e Mauborgne, em uma situação normal de mercado, onde há uma grande concorrência, é isso que acontece. Os competidores acabam estabelecendo uma disputa sangrenta entre eles, atacando-se mutuamente . nestas condições a maioria não sobrevive.
Agora imagine se um destes peixes encontra um novo oceano, que os outros peixes ainda não acharam, o que acontece nesse oceano? Neste oceano não há disputa, não há sangue, é o chamado oceano azul.
Essa é a metáfora descreve uma situação de inovação, onde ao invés de competir em um mercado muito saturado, cria-se um novo mercado.
Mas será que isso não tem riscos? Toda vez que a concorrência começar é só procurar um novo oceano que tudo se resolve, não é?
Não, não é. Como em toda atividade, existem riscos. Existem oceanos para todos? E se no oceano novo não tem comida? Esses são alguns dos riscos da inovação, dá trabalho tem que procurar muito e muitas vezes , simplesmente não funciona.Alem disso, mesmo quando encontramos um oceano legal, não da para mante-lo escondido por muito tempo, logo outros peixes chegam e acabam superpovoando um oceano que estava vazio. Por isso não podemos nos acomodar. Mesmo nadando em um oceano azul, precisamos estar sempre em busca de um outro oceano, ou seja, não basta ter sucesso em uma inovação, é preciso continuar inovando sempre.






domingo, 5 de abril de 2009

Desperdício de criatividade






Você já ouviu aquela historia do sujeito que patenteou o clipe de papel e depois viajou pelos Estados Unidos , fazendo acordos de licenciamento da sua invenção e com isso ficou milionário?
É mentira, poderia ser verdade mas é mentira.
A patente que ilustra esse post é de um cidadão norueguês chamado Johan Vaaler que é o suposto inventor do Clipe. Ela foi depositada na Alemanha em 1899 e nos Estados Unidos em 1901, entretanto a outra ilustração deste post é de um anuncio do Clip Gem datado 1894, o que invalida a patente do Sr. Vaaler.
É mentira, mas poderia ser verdade. Muitas vezes, idéias simples colocadas em pratica, produzem um imenso resultado, caracterizando-se como uma inovação, mas vamos guardar essa informação para mais tarde.

E a comparação entre as patentes da Coréia e do Brasil depositadas no US Patent Office, você sabe alguma coisa a respeito?
Se você não sabe eu explico, no inicio dos anos 60, Brasil e Coréia tinham desempenho semelhante no tocante ao deposito de patentes no mercado norte americano. Passados 40 anos no final do século, o desempenho da Coréia é infinitamente superior ao do Brasil.
Muita gente boa vem estudando esse assunto, mas podemos dizer que essa diferença é explicada por uma diferença na estratégia dos dois países. Enquanto a Coréia estabeleceu e praticou uma política industrial, e tecnológica estruturada e constante ao longo dos anos, no Brasil a coisa correu solta. A nossa política industrial, tecnológica e de comercio exterior somente foi implementada neste século.
Mas isso explica tudo? Talvez não. O prof. Rodolfo Politano da Pos graduação do IPEN tem uma teoria interessante. Segundo ele tudo que é abundante tende a ser desprezado. Vejamos, até 1973, o petróleo era considerado uma matéria prima abundante. O barril custava em média US$3,00, ninguém se preocupava em controlar o consumo dos veículos. Isso só mudou com a expectativa da falta. Hoje em dia, muitas pessoas ainda consideram a água como abundante, desperdiçando-a das mais variadas formas e maneiras. Acho que isso é suficiente para que possamos concordar que a humanidade não dá valor aquilo que é abundante.
Pois bem, criatividade é abundante no Brasil. Somos reconhecidos no mundo inteiro pelo famoso “jeitinho brasileiro”, mas isso ao invés de nos orgulhar, é motivo de vergonha.
Quantos de nós, ao resolver um problema de uma forma nova, inusitada, diferente, não nos referimos a essa solução com sendo uma “gambiarra”? E como as “gambiarras” são abundantes em nosso meio, elas são desperdiçadas.
Precisamos urgentemente, melhorar a nossa auto-estima e reconhecer que as idéias que aplicamos para a solução dos problemas, por mais simples que sejam, são idéias, e se resolvem o problema, são idéias bem sucedidas, e por isso merecem respeito.
No século retrasado, alguém precisava manter papeis juntos, e entortando um arame chegou a uma solução diferente e inusitada. A diferença é que, mesmo que muitos tenham pensado que aquele arame torto usado pra prender papeis, era apenas uma “gambiarra”, alguém entendeu aquilo como uma boa idéia e uma oportunidade de negócios e o resto é história que se mistura com a lenda.
É importante que como nação, o Brasil passe a se orgulhar de sua criatividade, e que o jogo de cintura , o jeitinho brasileiro, mereçam o devido respeito, e que dessa forma , possamos tirar proveito da nossa criatividade.
A nossa historia é repleta de exemplos de idéias que não foram aproveitadas adequadamente. Isso acaba assumindo um caráter de anedota. Vejam esse video onde a Xuxa conta para as crianças, alguns destes casos.



Este video foi exibido pela Rede Globo no programa TV Xuxa de 05 de novembro de 2007

domingo, 29 de março de 2009

Pequenos negócios e Inovação

Antes de mais nada gostaria de me desculpar por dois motivos: o primeiro é pela demora em colocar esse post, o segundo é pelo tamanho dos meus posts.
A primeira situação esta sendo corrigida agora que vamos discutir a inovação e os pequenos negócios. A segunda já é mais difícil, pois como poderíamos discutir esse assunto em um texto curto. Mas vamos lá.
A primeira pergunta é se as pequenas empresas inovam. A última pesquisa PINTEC do IBGE cobrindo o periodo 2001/2003 , apresenta o seguinte resultado para a taxa de inovação:

Podemos observar que apesar de um pequeno crescimento, a inovação nas empresas de até 100 funcionários é significativamente menor do que nas empresas com mais de 500 funcionários .
Entretanto essa pesquisa não responde as questões referentes aos pequenos negócios, visto que contempla apenas o universo de 84.3 mil empresas industriais com mais de 10 funcionários. O real entendimento da inovação na pequena empresa, precisa necessariamente considerar o universo de 5.028 milhões de estabelecimentos industriais, comerciais e de serviços existentes no Brasil ou pelo menos os 1.544 milhões de estabelecimento no Estado de São Paulo.
Alem disso a pesquisa foi concebida, considerando-se a segunda edição do “manual de Oslo” que apresenta uma definição mais restrita do conceito de inovação.
Buscando realmente entender esse processo, o SEBRAE-SP realizou a sondagem “Inovação e Competitividade nas MPEs” com uma amostra de 450 empresas que representam o universo dos 1.544 milhões de estabelecimentos de pequeno porte no Estado de São Paulo.
Para essa pesquisa foi utilizado o conceito de inovação do Sistema SEBRAE que foi traduzido da seguinte forma:
“ a sua empresa realiza aperfeiçoamentos, introduz inovações, melhorias ou novidades no seu negócio?” sendo que obtivemos a seguinte resposta:


A pesquisa toda é muito interessante a vale a pena ser consultada no site do SEBRAE-SP (http://www.sebraesp.com.br/sites/default/files/inovacao_competitividade_mpes.pdf) , mas vale a pena destacar um ponto em especial. Se compararmos 2 grupos, um composto pelas empresas que não inovam ou que inovam raramente (47% do total) e o outro composto pelas empresas que realizam inovações com alguma frequência (os 53% restantes), com relação a parâmetros com volume de produção, faturamento, produtividade por funcionário, percebemos que proporcionalmente o numero de empresas que tiveram melhorias nestes fatores no segundo grupo (inovadores) é o dobro das empresas do primeiro grupo.
Ok! Conseguimos demonstrar estatisticamente que a inovação é importante para a pequena empresa. Mas como isso funciona na pratica.
Lembrando que o nosso conceito de inovação pode ser resumido como “novidade que resulta em maior competitividade no mercado” , os pequenos negócios tem uma grande vantagem neste processo pois como são “leves” e flexíveis tem grande facilidade para implementar mudanças.
Perto de onde eu moro existe um estacionamento. Este é um pequeno negocio que como tantos outros ou estava enfrentando dificuldades financeiras ou o seu dono queria obter mais resultado do seu investimento, o fato é que ele passou a oferecer um serviço de lavagem de automóveis. Isso é uma inovação? Com certeza é a agregação de um novo processo que melhora o resultado financeiro da empresa, então é uma inovação. Depois de algum tempo ele passou a ampliar o seu horário de atendimento, oferecendo o serviço também aos domingos. Eu sei que isso pode parecer obvio, mas ninguém fazia isso antes na região, por isso é uma inovação.
Depois de algum tempo, fez acordos com alguns restaurantes da região, oferecendo serviço de estacionamento para os clientes dos restaurantes, e em seguida passou a oferecer a lavagem enquanto cliente almoça.
Vejam que nestes casos não houve nenhuma pirotecnia, apenas um empresário que identificou necessidades e passou a oferecer serviços que as atendem. Inovar é isso é estar atento e se antecipar.
Para encerrar vou contar uma lição que aprendi. A pedido da Incubadora de Guarulhos realizei uma palestra sobre inovação no auditório da Faculdade ENIAC em Guarulhos. Ao final alguém me perguntou qual o risco da inovação. Respondi que um dos riscos da inovação é que ela não de certo, ou seja, você investe tempo , esforço e recursos e não obtém o resultado esperado. Isso é verdade, mas não é o único risco da inovação. Ainda bem que alguém na platéia nos lembrou que um outro risco tão grande quanto este é acreditar que já inovamos tudo, e que podemos descansar. Isso não é verdade, inovação é um processo continuo que não pode parar, porque se pararmos, alguém vem inova mais e ficamos para traz.

sábado, 14 de março de 2009

Inovação e Invenção - segunda parte

Tudo bem, nem sempre um invenção vira uma inovação. Se o Sr. Fly não cantasse em um coral e precisasse de um marcador de pagina, a cola “inventada” pelo Sr.Silver ainda seria apenas uma invenção e não parte integrante de uma outra invenção que efetivamente se tornou um inovação.
Mas será que é possível inovar sem uma invenção?
Vamos pensar no caso das Sandálias Havaianas. Quando foram lançadas em 1962, já não podiam ser consideradas uma invenção,
pois foram inspiradas nas tradicionais sandálias japonesas ZORI
Não eram invenção mas podiam ser consideradas inovação?

Vocês se lembram que inovação é:
“A concepção de novo produto ou processo produtivo, bem como a agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo que implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando
em maior competitividade no mercado”
O que o pessoal da Alpargatas fez com as sandálias Zori? Tocaram a palha de arroz e o tecido por um tipo de borracha que “não tem cheiro nem solta as tiras”. Essa “agregação de novas ...características ao produto...” resultou em uma maior competitividade . Em 1965 eram vendidos 1000 pares por dia. Definitivamente isso é uma inovação.

Mas como em todo caso de inovação muito bem sucedida, logo surgiram os seguidores que são comuns neste processo. Em 1970 a Alpargatas, foi obrigada a fazer uma ampla campanha para diferenciar o seu produto das imitações. Essa campanha, protagonizada pelo Chico Anisio, criou o bordão “Havaianas as legitimas, as únicas que não deformam , não soltam as tiras e não tem cheiro"







Por volta de 1994 , mais de 30 anos após o lançamento, as vendas de sandálias havaianas estavam muito baixas e o produto erra associado com a camada mais pobre da população. Neste momento , acontece mais uma inovação. As sandálias que originalmente eram bi colores ( Branca e outra cor) passaram a ser oferecidas monocromáticas. Chamadas de Havaianas Top, esse novo produto foi direcionado as classes mais altas da população e obteve um boa aceitação. A partir daí foram criadas novas segmentações : Havaianas Surf, Havaianas Brasil, Havaianas Slim, Havaianas Flash, etc . Neste processo em que o produto é caracterizado como elegante e único, através de campanhas de marketing cuidadosamente planejadas, acontece também uma conquista do mercado externo






Recentemente, um grupo de estrangeiros visitando o SEBRAE-SP, pediu para ser levado a um local onde pudessem comprar as Sandálias Havaianas. Isso é outra inovação sobre o mesmo produto.O caso das Sandálias Havaianas nos mostrou que é possível a inovação sem uma invenção. Se a Alpargatas consegue inovar sem inventar, você também pode. Duvida? Isso vai ficar para o próximo post.

segunda-feira, 9 de março de 2009

A relação entre o ovo e a galinha e entre inovação e invenção

Quem nasceu primeiro o Ovo ou a Galinha?
O que essa pergunta tem a ver com inovação e invenção? Em principio nada. Nada porque nestas duas perguntas podemos estabelecer uma relação de causa e efeito, mesmo que não saibamos em que ordem ela ocorre. Não importa quem vem primeiro, o outro sempre vem depois.
Já entre inovação e invenção não existe essa relação direta. Nem toda invenção vira inovação, como nem toda inovação vem de um invenção.
Ficou complicado, vamos tentar explicar.

Segundo o Aurélio, invenção é :” [Do lat. inventione.] Substantivo feminino.. Ato ou efeito de inventar, de criar, de engendrar” e inventar é :” [De invento + -ar2.] Verbo transitivo direto.. Ser o primeiro a ter a idéia de:”
Ter idéias é natural do ser humano. Todos nos temos inúmeras. Quando uma dessas idéias é realmente nova, estamos diante de uma invenção. Mas uma invenção só se transforma em uma inovação se ela chegar a sociedade e produzir algum resultado.


Um bom exemplo desta situação é o “Post It”, aquele bloquinho de recados produzido pela 3M. Em 1968 Spence Silver, pesquisador da 3M, inventou um novo adesivo. Esse adesivo transformava-se em pequenas esferas que não se dissolviam, não derretiam e eram extremamente adesivas e que tinham o diâmetro de uma fibra de papel, mas não tinha uma forte aderência quando aplicado as fitas.
Durante mais de cinco anos o Sr Silver promoveu seminários internos no 3M procurando uma utilidade para o seu invento, mas não encontrou. A cola do Sr Silver era uma invenção mas não era uma inovação.
Essa historia mudou em 1977, quando Art Fry, que alem de trabalhar na 3M, cantava no coral de sua igreja e tinha muitos problemas com os marcadores de pagina que viviam caído do livro de cânticos. O Sr Fly que havia assistido um dos seminários realizados pelo Sr Silver, resolver experimentar essa “cola” nos marcadores e percebeu que mais do que marcadores eles poderiam ser blocos para notas ou recados.
Como esse era um conceito novo o Sr Fly tinha dificuldades para explicá-lo, por isso decidiu produzir uma quantidade destes blocos com a invenção do Sr Silver de distribuir as pessoas na 3M para que elas próprias descobrissem como utilizar essa nova invenção. O resultado desta ação foi o lançamento do “post it” em 1981.
A inovação “post it” dependeu não de uma mas de duas invenções. Mais tarde vamos discutir as inovações que não dependem de invenção.